quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

A inteligência secreta das plantas. The secret intelligence of plants.

Boa tarde ovelhinhas !

Vamos nos conectar com a natureza, ela se comunica de forma peculiar somente quando amamos conseguimos a verdadeira conexão.  
Elas têm vidas paralelas.
 Fazem fofoca, planejam vingança, querem fazer amor e podem se tornar guardiãs da sua casa no futuro.
Elas não têm nenhum neurônio. 
Jamais completarão um teste de QI. 
Mas não há dúvidas: evolutivamente falando, as plantas estão entre os seres vivos mais inteligentes da Terra.
 Por trás da aparência imóvel, imperturbável, quase blasé perante a intensidade do mundo animal, está uma vida secreta e extremamente complexa que o reino vegetal foi capaz de desenvolver sem tirar os pés do chão.
Plantas não assinam contratos  nem tecem acordos, mas aprendem a dividir recursos e mediar os conflitos que surgem com a vida em sociedade.
Elas nunca aprenderam matemática, mas são experts em resolver problemas. 
Jamais apanharam no recreio, mas sabem como ninguém planejar uma vingança  e até como desequilibrar uma briga com a ajuda de amiguinhos mais fortes.
Das mais altas figueiras às pequenas suculentas que você cultiva no vaso, todas as plantas são máquinas de vigilância constante. 
Cada folha e raiz colabora para uma análise detalhada do ambiente, capaz de captar sinais que os nossos sentidos jamais teriam condição de perceber.
 Aqui você vai conhecer as criações mais sublimes da inteligência vegetal: de idiomas próprios até mecanismos ocultos que permitem guardar lembranças do passado. 
Então não fique aí plantado: leia até o fim.

Elas conversam e brigam, por baixo da terra:

Plantas lutam pela casa própria. 
Um pedaço de chão para chamar de seu é essencial: folhas precisam garantir seu lugar ao sol, raízes exigem sombra e água fresca.
 Quando o espaço é tão importante, é preciso organizar a convivência.
 Para isso, pés de milho desenvolveram uma linguagem própria, transmitida por meio de substâncias químicas nas raízes. 
Elas servem para avisar a plantação inteira de perigos e também como documento de identidade.
Se a “assinatura química” de uma planta é diferente da secretada nas raízes da maioria, o forasteiro vira alvo de fofoca.
 Sua presença é denunciada a toda a plantação e o povo local não é nada hospitaleiro: na hora de crescer, se recusa a ceder espaço à planta de fora.
O idioma também serve para comprar briga e exigir que um desafeto cresça mais para longe. 
Um pé de milho enfezado com a comunidade é capaz de crescer mais rápido só para conquistar um pedaço de solo mais espaçoso sozinho.

Elas as vezez são melhores que um cão de guarda:

Plantas são verdadeiros sensores multimídia.
Estão o tempo todo monitorando a fonte de água mais próxima, a duração dos dias, a qualidade da luz e que tipo de microrganismo vive nas proximidades.
Por isso mesmo, elas podem se tornar o verdadeiro melhor amigo do homem  pelo menos em termos de saúde e prevenção de doenças.
Plantinhas de vaso, como as que você tem em casa, têm uma espécie de superolfato.
 Elas conseguem identificar compostos voláteis, produzidos pelo metabolismo de microrganismos, como se fossem perfumes.
 Graças a esse “cheiro” imperceptível para nós, elas sabem quando fungos e bactérias estão próximos.
Pensando nisso, pesquisadores da Universidade do Tennessee, nos EUA, querem criar smartplants: plantas capazes de avisar quando há mofo ou um excesso de
E. coli se desenvolvendo na sua residência.

A princípio, qualquer planta branca pode fazer o serviço.
 De acordo com os testes feitos pelos pesquisadores, bastam duas microedições genéticas  básicas para criar uma parede viva detectora de micróbios.
A primeira alteração necessária foi feita para turbinar o “olfato” natural das plantinhas.
Num estudo, os pesquisadores tornaram a Nicotiana tabacum, planta do tabaco, dez vezes mais reativa aos microrganismos.
Assim, a capacidade dela de reagir à presença deles ficava bem maior.
 Mas isso de nada adianta se o dono da planta não conseguir falar a língua dela.
E é aqui que entra a segunda modificação, feita para tornar a detecção visível.
Alterando um trechinho de DNA, os cientistas fizeram com que o vegetal produzisse  proteínas laranja fluorescente toda vez que vislumbrasse organismos problemáticos por perto.
O próximo passo é baratear e padronizar essas modificações  talvez em alguns anos você se lembre desta reportagem ao adquirir  o seu primeiro smartlírio.

Plantas têm boa memória:

Quem descobriu um dos misteriosos mecanismo de memória das plantas foi a geneticista Caroline Dean – tudo graças a uma muda de tulipas. 
“Fui a uma floricultura e o vendedor me disse:
 ‘Não se esqueça de colocá-las na geladeira por seis semanas antes de plantar!’”.
Tulipas exigem um processo conhecido como vernalização ou exposição prolongada ao frio. 
Quando o calor retorna, a planta floresce mas só se ela tiver lembrança de ter passado por um inverno. Dean achou a história curiosa afinal, memória é um mecanismo sofisticado.
 Plantas não têm sistema nervoso para processar a sensação de temperatura, nem cérebro para armazenar lembranças.
Mesmo assim, era inquestionável: as plantas claramente sabiam que tinham passado por semanas de frio. 
“A memória das plantas é muito estável”, conta Caroline.
 “Se você corta um pedacinho, e deixa que ele se desenvolva em uma nova planta inteira, a memória é transmitida e a nova mudinha vai florescer ao mesmo tempo que a anterior, lembrando-se do mesmo frio”.
A menos que a memória da planta registre as estações e suas mudanças, ela não floresce  por uma questão de cautela. O florescimento é a puberdade vegetal  e não tem mais volta.
 Depois que ela começa, as plantas gastam a maior parte da sua energia como os adolescentes: pensando naquilo.


Elas querem mesmo é fazer amor :

Plantas esperam ansiosamente pelo momento de florir. Flores, afinal, são seus órgãos sexuais. 
Ao primeiro sinal de primavera, surge uma explosão cheia de cores , vigor e amor.
O sexo ideal para boa parte das plantas é a três: a muda que produz o pólen depende de um intermediário, um inseto ou pássaro, para alcançar a desejada flor em outra planta.
 E é aí que a competição fica acirrada. 
As flores tentam eclipsar uma à outra e se tornar irresistíveis ao polinizador.
Em poucos casos essa avidez fica tão clara quanto no da Cannabis.
 Ansiosa por atrair pólen para si, a planta da maconha desenvolve flores grandes na expectativa de ser fecundada. 
Se dá certo, o foco passa a ser na produção de descendentes, as sementes. 
Se a paquera falhar, porém, a Cannabis segue a pavonear-se com suas flores.
É precisamente nelas que está a maior concentração de psicoativos, as substâncias que tornam a maconha uma droga recreativa.
 Como você pode imaginar, portanto, alguém que cria maconha tende a selecionar fêmeas com mais e mais flores  evitando a polinização.
Como resultado, a Cannabis moderna se tornou um planta de flores gigantes, num esforço hercúleo para se reproduzir mas sempre sexualmente frustrada.

Plantas são vingativas e fofoqueiras rs :

Vegetais maltratados não esquecem nem perdoam.
 Árvores grandes como as macieiras dão o troco quando são atacadas por insetos. 
Elas lançam aos céus um pedido de ajuda olfativo: produzem moléculas aromáticas, perfumes que anunciam às aves da região que o almoço está servido.
 Os pássaros se esbaldam nos ingênuos insetos, que não se dão conta da armadilha deste potente  vilão vegetal.
Outras árvores não dependem de delação premiada  não deduram para se salvar, vingam-se com as próprias armas. 
Cerca de 10% das plantas com flores produz látex. 
Na figueira e na seringueira, essa substância leitosa é pacífica: serve para emendar as feridas no caule, como uma cola cirúrgica.
 Mas o látex pode ser usado como uma ferramenta muito mais brutal.
 Arbustos e suculentas do gênero Euphoria são um exemplo especialmente bárbaro.
 Eles produzem um látex com pouca vocação para primeiros socorros ele demora muito para secar e endurecer. 
Exatamente por ser gosmento é que ele se torna útil.
 Quando as suculentas detectam um ataque de insetos, começam a produção de meleca. 
Quando dão por si, os bichinhos já estão envoltos em líquido viscoso, e não conseguem se mexer.
Só então a planta dá seu golpe final e acrescenta um último ingrediente à poção grudenta: veneno.
Ele se espalha pelo látex como uma gota de corante na água.
E está completo o extermínio coletivo.

Apocalipse zumbi: algumas ressuscitam:

Trigo, arroz, milho: toda a família dos cereais tem sementes muito resistentes.
 Podem perder 95% da água em suas células e sobreviver. 
Cereais adultos, infelizmente, são bem menos durões. 
Não precisava ser assim: o DNA de qualquer planta ainda guarda as propriedades que ela possuía como “recém-nascida”, só que dormentes. 
Há exceções (precisamente 135 plantas) que nunca abandonam sua criança interior.
 Elas resistem à desidratação intensa por meses  até anos. 
Ao menor sinal de água, revivem em questão de horas. Por esse feito, recebem o nome de Ressuscitadoras.
 ”Elas usam exatamente os mesmos genes que uma semente, só que nas folhas, no caule, em tudo”, diz Jill Farrant, da Universidade da Cidade do Cabo.
 Ela acredita que essas plantas guardam a chave para religar os mesmos genes em outras espécies e torná-las mais duronas.
 Mais dia, menos dia, pode ser que a inteligência das plantas esteja salvando economias mundo afora. Afinal, 9 em cada 10 calorias que você come vêm do trigo, do arroz e do milho.

Flores escutam tudo inclusive o som das abelhas !

Já dizia a música de Marvin Gaye, em 1965: “How sweet it is to be loved by you”…
 Ou “como é doce ser amado por você”.
 As abelhas talvez se identifiquem com esse refrão.
Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, concluíram que as flores produzem um néctar mais doce que o habitual quando detectam o zumbido de abelhas se aproximando como se estivessem, de fato, escutando.
A dose extra de doçura, claro, não é apenas questão de romance. 
É uma estratégia de sobrevivência: ajuda a atrair esses insetos que, no processo de beber de flor em flor, acabam fazendo a polinização entre as plantas, garantindo sua reprodução.























Amo vocês boa leitura , preservem a natureza .


sábado, 2 de fevereiro de 2019

“Fevereiro de 2019, temos a oportunidade de construímos um mundo melhor a cada dia a cada mês."February 2019, we have the opportunity to build a better world every day every month.

“Seja bem vindo Fevereiro, com ele novos desafios consequentemente  muito aprendizado”.


 Tudo é possível para aqueles que acreditam no mundo melhor”.

 É hora de celebrar o amor, a festa, a dança, o samba.
É tempo de viver este fevereiro e o carnaval com toda energia e emoção positiva.

É preciso sorrir e abraçar esta época tão marcante para felicidade de todas as pessoas.
 Sim, porque não tem como ser feliz sem aproveitar o carnaval com intensidade.

Vamos esquecer os problemas, dificuldades e obstáculos.
 Vamos afastar todas as coisas negativas com o samba do coração.
Este fevereiro jamais será esquecido. Bom carnaval para todo mundo!
  Use esse tempo de sol para iluminar sua vida, mantenha sua paz de espírito e renove suas energias para o resto do ano!

Lave a alma com um belo banho de mar, aproveite a praia com os amigos, agradeça todos os dias pela beleza da vida! Bem-vindo, !
 Que as bênçãos inundem a minha vida, a de vocês, assim como a vida daqueles que eu amo.
 Que este seja o mês de conquistas que ficarão guardadas entre as nossas melhores memórias, amenizando , a tormentas no qual muitos irmãos vem passando, por tragédias seja ela qual for!
 Tenho certeza que este mês será cheio de vitórias e conquistas.
O mês mais curto do ano merece ser vivido com toda intensidade do mundo.
Desejo dias de muito sucesso, saúde, paz , amor e muita fé,  histórias para recordar neste mês que passará tão rápido.

























sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Somos resultado de nossa cultura ou de nossos genes? Are we the result of our culture or our genes?

Já parou para se perguntar como está se comportando ?

  O ser humano nasce bom ou ruim ?

  Ou vai se construindo ao longo da vida?

 Cientistas, discutem um tema cada vez mais atual: o que nos faz ser quem somos?

Comportamento humano:  

O filho de dois consagrados astrofísicos foi perdido, ainda bebê, em uma floresta, onde uma matilha de lobos resolveu adotá-lo. 

Anos mais tarde, ele é encontrado e trazido de volta à civilização. 
Sua reeducação acontece em tempo recorde: logo está se formando entre os melhores de sua classe no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), uma das mais prestigiosas universidades norte-americanas.
 Um ano depois da formatura, o rapaz morre, tragicamente, ao perseguir a roda de um carro.
A anedota acima apareceu na seção de correspondência da revista Time. 
 Comentava uma resenha de The Blank Slate (“Tábula rasa”, ainda sem versão em português), livro em que o psicólogo canadense (e também, claro, professor do MIT) Steven Pinker apresenta sua imodesta proposta para a compreensão da natureza humana.
 A obra investe sobre um velho debate científico (ou ideológico, ou ambos, conforme o ponto de vista) que, em inglês, é eufonicamente referido como nature x nurture. 
Nature é traduzido facilmente por natureza. 
Nurture é um pouco mais complicado. 
 Inclui as noções de educar, de dar cuidados – comumente, nurture é o que uma mãe provê ao filho. 
Para nosso objetivo, a expressão será vertida com mais exatidão (ainda que o trocadilho se perca) como natureza x cultura.
O problema é saber o que faz você, leitor, ser o que é: a cultura adquirida na família, na escola, na sociedade, ou o seu repertório genético?
 Se você fosse criado, como o sujeito da piada, em uma cultura canina, você faria pipi nos postes?
 Ou será que sua natureza humana imporia o uso dos urinóis?

O debate está na mesa há muito tempo. 
“A dicotomia natureza/cultura é uma ressaca do pensamento do século 19 e está na hora de reconhecermos que a ciência já a superou”, diz o neuro biólogo Steven Rose, da Open University, na Inglaterra.
 Ele não é o único a pensar assim. 
Na introdução de seu livro, o próprio Pinker lembra a reação dos colegas quando ele mencionava o projeto de escrever The Blank Slate: “Ah, não!
Não mais um livro sobre natureza x cultura!”, diziam. 
O esgotamento é compreensível.
 A discussão muitas vezes ganha os contornos áridos da minúcia estatística, na tentativa de determinar quanto do nosso comportamento é hereditário ou quanto da nossa inteligência é adquirida culturalmente.
 Nas instâncias mais inflamadas, o debate parece chegar ao beco sem saída da esterilidade argumentativa. 
O campo de batalha foi dividido grosseiramente em dois partidos intransigentes, que não se comunicam.
De forma genérica e simplificada, temos, de um lado, o pessoal das ciências sociais – sociólogos, historiadores, antropólogos – e, do outro, a turma das ciências naturais – psicólogos evolutivos, neurocientistas, geneticistas. 
Para os cientistas sociais, os biólogos seriam reducionistas, ou seja, teriam o vício de limitar qualquer comportamento à sua dimensão orgânica, fazendo do ser humano uma espécie de marionete de seu código genético.
 Os cientistas sociais, na visão dos oponentes, seriam, na melhor das hipóteses, pouco rigorosos e, na pior, embusteiros que disfarçam proselitismo ideológico como pesquisa acadêmica. 
“Falta reconhecimento de parte a parte.
 Os dois lados constroem discursos impermeáveis”, afirma o psicanalista Edson Sousa, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).
Como seria de prever, The Blank Slate defende as ciências naturais. Conhecido no Brasil por suas obras Como a Mente Funciona (Companhia das Letras) e O Instinto da Linguagem (Martins Fontes), Pinker utiliza as noções de adaptabilidade e seleção natural para explicar a conformação da mente humana.
 Algumas de suas posições são certamente controversas: por exemplo, a sugestão de que as posições políticas radicais ou conservadoras que adotamos podem ser informadas por características genéticas.
 Ou a ideia de que a nossa concepção de beleza e, por consequência, nossa apreciação de obras de arte é inata e universal, tendo surgido como produto secundário de adaptações evolutivas realizadas ainda na pré-história. 
Concordemos ou não com proposições desse gênero, The Blank Slate tem o mérito de demonstrar que o debate natureza x cultura pode ser mais sutil do que as posições extremas sugerem. 
E, sobretudo, Pinker mostra como a relevância do problema extrapola os muros da academia.
Da educação das crianças até a punição dos criminosos, as implicações cotidianas de nossa concepção de natureza humana são inúmeras.
Mas será pertinente falar em “natureza humana”?
 O filósofo Renato Janine Ribeiro, da Universidade de São Paulo (USP), acredita que não: a diversidade de comportamentos e valores que encontramos em diferentes sociedades desmentiria a idéia de uma natureza única e imutável. 
Ele afirma que mesmo características tidas como universais sofrem alterações ao longo da história. 
O amor aos filhos é um exemplo: em Esparta, a prática do infanticídio era comum.
 O filósofo Luiz Felipe Pondé, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e pesquisador convidado da Universidade de Marburg, Alemanha, discorda:
 “Natureza humana, como todo conceito, pode sofrer alterações, mas acredito que uma certa permanência de comportamento humano possa ser confirmada.
Mesmo acerca do relativismo antropológico, ainda que mudem os valores, o animal humano permanece um animal moral, o que significa que faz parte da sua natureza a percepção do mundo ao seu redor via estabelecimento de valores”.
 No entanto, Edson Souza diz que, do ponto de vista da psicanálise, o homem é o ser mais desprovido em termos naturais.
 O bebê depende por mais tempo da mãe: 
“Nossa dependência em relação ao outro está inscrita no nosso corpo.
 E essa relação é mediada pela palavra, pela linguagem. 
As inscrições do código genético não são suficientes para a construção do objeto em que investimos o nosso afeto”, afirma.
Como se vê, há uma grande pluralidade na abordagem do assunto. 
De acordo com Pinker, porém, a visão relativista tornou-se o paradigma predominante das ciências humanas. 
O modelo corrente – que ele acredita remontar à obra do filósofo inglês John Locke (1632-1704) – seria o da tábula rasa: o ser humano não traz nenhuma característica inata. 
Nasce como uma folha em branco, na qual a sociedade vai imprimir seus valores básicos.
 Dessa visão fundamental surgiriam duas convicções subsidiárias: a idéia de que o homem em estado natural é bom e a sociedade o perverte, cuja formulação mais conhecida é o “bom selvagem” de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). 
A outra é o chamado dualismo filosófico, de René Descartes (1596-1650): a crença de que corpo e alma são entidades distintas. Pinker opõe-se ao dualismo.
 Duramente materialista, ele crê que mente e corpo são uma coisa só.
 A “alma” seria o resultado da complexa atividade neural em nosso cérebro.
O biólogo David Barash, da Universidade de Washington, Estados Unidos, em uma resenha de The Blank Slate publicada em Human Nature Review, afirma que Pinker força o argumento ao filiar as três concepções criticadas a uma única matriz.
 O “bom selvagem” não nasce como uma folha lisa: sua bondade, afinal, é congênita.
 Tampouco a crença de que o corpo é habitado pela alma é congruente com a doutrina da tábula rasa.
 A verve do polemista ofuscaria o rigor do cientista.
Mesmo assim, há boas razões para o reducionismo ter virado um palavrão nas ciências humanas. 
As descobertas de Charles Darwin desbancaram o ser humano da sua posição de preferido do Criador, mas o homem branco europeu rapidamente compensou o golpe, deturpando a nova teoria para justificar seu ímpeto colonialista.
 Negros e índios eram vistos como um estágio intermediário entre os brancos e formas inferiores da escala evolucionária.
 A eugenia – a seleção dos melhores indivíduos para reprodução – parecia ser uma boa estratégia para garantir o aperfeiçoamento da humanidade.
 O termo eugenia, aliás, foi cunhado por um primo de Darwin, Francis Galton. 
O próprio Darwin era um liberal generoso, que, durante a legendária viagem do navio Beagle, se horrorizou com o modo brutal como os escravos eram tratados no Brasil. 
Mesmo assim, como lembra o paleontólogo Stephen Jay Gould em A Falsa Medida do Homem, Darwin deixou algumas páginas no mínimo ambíguas sobre o status evolutivo da raça negra.
Em seu livro, Gould mostra que a neutralidade ideológica da ciência é relativa. 
“A ciência talvez não consiga ser sempre ideologicamente neutra, mas ela tenta ser”, afirma Pinker. 
“Pressões políticas e sociais têm o seu papel, tanto quanto outras fragilidades humanas, como a ambição e a busca de respeito.
 O objetivo da ciência é minimizar esses fatores.
 O fato de que tantas descobertas científicas já tenham subvertido a sabedoria convencional das classes dominantes mostra que ela geralmente tem sucesso.”
Muitos acreditam que a eugenia é uma bandeira exclusiva dos extremismos de direita.
 Na verdade, ela foi saudada com entusiasmo pela esquerda no início do século 20. 
Socialistas famosos como H.G. Wells e George Bernard Shaw acreditavam no aprimoramento biológico.
 Esse fato ficou obscurecido pela consequência mais radical e sinistra do pensamento eugênico: os campos de concentração nazistas. 
As teorias racistas estão hoje amplamente desacreditadas, mas a sombra da suástica parece perseguir os biólogos.
 Qualquer pesquisa que sugira a existência de diferenças comportamentais entre os sexos ou causas genéticas para a criminalidade está fadada a balançar os esqueletos do armário. 
A sugestão de que temos uma natureza humana desenhada pelo DNA pode ser inquietante.
 Se todos compartilhamos um substrato biológico comum, é possível que também as nossas diferenças sejam determinadas pela genética. 
O temor é de que isso venha a minar na base os ideais humanistas de igualdade.
Mas The Blank Slate se dedica a exorcizar esses velhos fantasmas.
 O fato de que não somos iguais não invalidaria a ideia moral de que devemos ter igualdade de direitos.
 Pinker argumenta que a doutrina da tábula rasa também gerou seus pesadelos políticos. 
A concepção do homem como um ser plástico, a ser moldado pela sociedade e aperfeiçoado pela cultura, teria servido de base para as ditaduras comunistas. 
Mao Tsé-tung definiu o homem como uma “folha em branco” na qual “os mais novos e belos desenhos podem ser pintados”. 
O construtivismo social – concepção segundo a qual noções como sexo não são inatas, mas construídas culturalmente – também gerou aberrações.
 O caso de David Reimer (veja “O terceiro sexo”, na Super 185, edição de fevereiro) costuma ser citado para ilustrar o erro do construtivismo extremo.
 Ainda bebê, David perdeu parte do pênis em uma circuncisão mal- realizada.
Aconselhada por John Money, um sexólogo da Universidade Johns Hopkins, a família submeteu-o a uma operação de mudança de sexo e o criou como se fosse uma menina.
 Pinker lembra que, quando era estudante de psicologia, essa experiência era tida como um exemplo do sucesso da perspectiva construtivista.
 Mais tarde, revelou-se que a infância de David fora um pesadelo. 
A natureza masculina por fim se fez ouvir. 
Ele reverteu a operação de mudança de sexo e hoje está casado com uma mulher.
Mas nem todos os que criticam a moderna biologia por suas tendências reducionistas estarão dando seu voto à nefasta engenharia social de um tirano chinês ou aos delírios de sexólogos charlatães.
 O debate não está polarizado apenas entre ciências sociais e biológicas.
 Algumas das críticas mais contundentes ao reducionismo partiram de darwinistas de carteirinha.
 A época heróica desses debates foram os anos 70.
 Em 1975, Edward O. Wilson lançava Sociobiology (“Sociobiologia”, sem tradução em português), livro que buscava entender o comportamento social de variadas espécies a partir de uma base evolutiva. 
No ano seguinte, surgiria uma das obras mais influentes da biologia moderna.
O Gene Egoísta, de Richard Dawkins. Wilson e Dawkins foram acusados de ressuscitar o velho darwinismo social, segundo o qual é a seleção natural que determina quem será rico ou pobre.
Opondo-se à sociobiologia, surgiu um movimento chamado ciência radical, que congregava nomes do porte do paleontólogo Stephen Jay Gould e do geneticista Richard Lewontin, também professor de Harvard.
Em seu livro, Pinker reconstitui as brigas da época com franca parcialidade. 
Wilson e Dawkins são seus heróis e ele sugere que os opositores da sociobiologia seriam, no fundo, partidários da tábula rasa. “Pinker está brigando com espantalhos.
 Nem eu, nem Lewontin, nem qualquer biólogo que eu conheça acredita que o ser humano é uma tábula rasa”, diz Steven Rose, um dos mais destacados membros da ciência radical.
 A despeito de todos os protestos e da celebridade de seus críticos, as teorias de Wilson e Dawkins sobreviveram e são as mais influentes nos departamentos de biologia.
Na verdade, a sociobiologia foi rebatizada como psicologia evolutiva e é um dos campos de pesquisa mais promissores da atualidade. 
Na busca de entendimento dos comportamentos sociais a partir de pressupostos darwinistas, ela em certa medida disputa terreno com as ciências humanas. 
“Há um certo medo do materialismo biológico por parte das ciências humanas, devido ao fato que as ciências duras têm melhor desempenho epistemológico”, diz Luiz Felipe Pondé.
 A evolução poderia mesmo explicar nosso comportamento social?
 Pinker responde invocando a necessidade de diferentes níveis de análise:
 “Estudos sociais não podem ser reduzidos à psicologia ou à biologia, mas precisam levar essas áreas em consideração.
 A biologia não pode ser reduzida à física, mas qualquer teoria biológica que contradiga ou ignore as leis da física será uma perda de tempo.
 Também é assim com as ciências sociais.
A maior parte dos fenômenos que elas estudam jamais seria entendida só a partir da psicologia evolutiva, mas ao mesmo tempo elas serão cegas se ignorarem a natureza humana ou fingirem que ela não existe”. 
O geneticista e professor da UFRGS Renato Zamora Flores compara: 
“Para entender os conflitos do Oriente Médio, não basta saber que a violência é uma constante humana”.
Renato diz que a linguagem de alguns cientistas, especialmente aqueles ligados à biologia molecular, é de um “reducionismo extremo”.
 De outro lado, falta aos cientistas sociais um conhecimento mais rigoroso de análise estatística, que permita entender as causas múltiplas de certos comportamentos. 
No complexo cruzamento entre biologia e sociedade, a violência é, ao lado das diferenças sexuais, um dos pontos mais sensíveis.
 Pesquisas recentes mostram, por exemplo, que uma determinada conformação genética – um alelo menos eficiente da enzima MAO-A – aumenta o risco de um adolescente apresentar desordens de conduta em 2,8 vezes, e de ser preso por crime violento em 9,8 vezes, mas apenas quando o indivíduo foi maltratado na infância. 
Na ausência de maus-tratos, não se produz nenhuma diferença estatística relevante na tendência a comportamentos antissociais.
É um exemplo de interação complexa entre os genes e o ambiente.
A violência potencial parece ser uma característica inata do ser humano. 
Pinker insiste na base biológica dessa tendência. 
Seria uma atitude compartilhada com outras espécies próximas.
 O primatologista holandês Frans de Waal documentou verdadeiras guerras entre chimpanzés.
 Dentro de um mesmo grupo, na disputa pelo status de macho alfa, a macacada chega até mesmo a fazer conspirações e alianças de ocasião, numa versão símia do que estamos acostumados a ver em Brasília ou Washington.
 A ideia de que índios ou tribos pré-históricas viviam em um estado de paz idílica foi derrubada pela paleontologia e pela antropologia mais recentes. Já foram desencavados ossos humanos pré-históricos que traziam evidências de assassinatos brutais.
 Alguns desses ossos mostravam inclusive sinais de raspagem, como se encontraria em um animal cuja carne comemos.
 Na opinião de Pinker, não deveríamos perguntar por que existe violência, mas, como é que a violência pode ser evitada.
Renato Janine Ribeiro, no entanto, afirma que a ideia de uma base biológica para o comportamento violento pode ser enganosamente confortadora: 
“É tranquilizador pensar que o criminoso que nos perturba é um monstro, ou que a violência é uma constante natural, pois, desta maneira, a sociedade é inocentada.
 Assim como é mais tranquilizador tomar Prozac do que fazer análise”.
“As quatro dimensões da vida humana – três no espaço e uma no tempo – não podem ser lidas a partir do DNA unidimensional, com seus cerca de 30 milhões de genes”, diz Rose. Pinker, ao contrário, sugere que nossa natureza está em grande parte contida no material genético. 
Francis Fukuyama, o cientista político que ficou famoso ao afirmar que a história chegou ao fim, dedicou sua mais recente obra – Our Posthuman Future (“Nosso futuro pós - humano”, inédito no Brasil) – a especulações sobre a possibilidade de os avanços da biotecnologia colocarem em risco a natureza e dignidade humanas. Para Pinker, essa é uma chance bastante remota:
 “Os genes alcançam seus efeitos agindo em conjunto, em combinações demasiado complexas”.
 Não existe um gene da inteligência, da agressividade ou do talento musical, o que torna a manipulação de características como essas muito difícil, senão impossível.
De qualquer modo, o racismo eugênico parece estar fora de cena. 
Para Luiz Felipe Pondé, a tecnologia genética será um bem de mercado e não um instrumento de Estados totalitários. 
Em países com grandes desigualdades, como o Brasil, deveríamos nos preocupar antes com o fato de que os mais privilegiados, com seus seguros de saúde, em breve terão acesso exclusivo à genética preventiva, abrindo ainda mais o fosso entre ricos e pobres. 
“A diferença econômica se transformará em biológico -adaptativa”, afirma.
 A biologia, cada vez mais, é um problema social.

 Desejo a todos uma boa leitura e muita conscientização pois ainda creio que, mesmo com a genética , influencia cultural , social, religiosa ou política , o ser humano faz suas escolhas , ele sabe a proporção dos seus atos, se vai ocasionar um bem estar ou mal estar, se vai construir ou destruir, se vai matar ou vai salvar, esta consciência vai refletir o seu grau de amor, á si ou ao seu próximo seja qual for a forma de vida . 
O nosso planeta terra , como um todo vai agradecer , vamos sofrer menos em todos aspectos seja ele qual for a justiça divina , terrena ou natural , pois os  danos refletem de uma proporção que hoje não sabemos qual estação estamos vivendo , outrora se um exaustivo verão ou literalmente um frio de devastar a alma.
Não se deixe ser manipulados sejam bons seres dotados de ótimos sentimentos e bons comportamentos !