Notícias, histórias verídicas, destacar projetos de ativismos, Intercâmbio sociocultural, em âmbito nacional e internacional. Cultura em geral, Entretenimento...
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
A terapia experimental que eliminou a metástase. Experimental therapy that eliminated metastasis.
Não vejo a hora de aparecer a cura definitivamente !
Um auto transplante de linfócitos funcionou contra os tumores mais letais,
embora os especialistas alertem que a técnica ainda está em um estágio
inicial.
https://brasil.elpais.com
A
engenheira americana Judy Perkins está há dois anos e meio sem câncer
após receber uma terapia experimental baseada no auto transplante de seus
próprios linfócitosScott McIntyre / Getty
Em 2014, a engenheira americana Judy Perkins tinha 49 anos e sofria um tumor de mama com metástase no fígado e outros órgãos.
Os médicos lhe davam dois meses de vida. Quase quatro anos depois,
continua viva e está há dois anos e meio sem nenhum sinal de câncer graças a um autotransplante de seus próprios linfócitos. Seu caso se transformou em uma esperança para desenvolver uma nova imunoterapia contra os tipos de câncer mais letais.
“Vimos cinco pacientes com remissões espetaculares como esta,
incluindo outra mulher com câncer de cólon metastático que está há quase
cinco anos sem a doença”, afirma Steven Rosenberg, cirurgião do Instituto Nacional do Câncer dos EUA
e criador dessa terapia experimental. “Esta técnica está ainda em sua
infância. Trabalhamos sem descanso para aumentar sua eficácia, porque
até agora só 15% dos pacientes respondem”, adverte Rosenberg, um
veterano pesquisador de 78 anos, em conversa por telefone de seu
escritório em Bethesda, no Estado de Maryland.
A possibilidade de desenvolver novas terapias
contra os tumores mais letais pelas quais quase ninguém possa pagar é
real, reconhecem alguns oncologistas
O mais interessante desses casos isolados é que os pacientes tinham
tumores epiteliais com metástase em outros órgãos. Esse grande grupo de
lesões causa 90% de todas as mortes por câncer
e não há nenhum tratamento eficaz contra elas. “Esses resultados nos
dão a esperança de poder encontrar uma estratégia para tratar tumores
epiteliais, por exemplo de fígado, cólon, colo do útero, mama e outros”,
detalha Rosenberg.
A nova técnica se conhece como linfócitos que se infiltram no tumor
(TIL, na sigla em inglês), uma nova variante de imunoterapia em fase de
testes que poderia somar-se às já existentes. Atualmente já há no
mercado medicamentos baseados em anticorpos que se unem aos linfócitos e
lhes permitem unir-se às células tumorais e destruí-las. Essa
imunoterapia é eficaz contra o melanoma metastático
e o câncer de pulmão avançado, embora só funcione em um terço dos
pacientes por razões que ainda não estão claras. Outro tipo de
imunoterapia em cujo desenvolvimento Rosenberg teve um papel fundamental
é a terapia genética com base em células CAR-T,
linfócitos modificados geneticamente que se mostraram eficazes contra
tumores sanguíneos, principalmente leucemias agudas em pessoas jovens.
A técnica TIL é outra reviravolta destinada a combater tumores
que não respondem a outras imunoterapias. Ela consiste em isolar
linfócitos T que penetraram no tumor e selecionar aqueles que são
capazes de identificar neoantígenos, proteínas produzidas somente pelas
células tumorais. No tratamento de Perkins, por exemplo, os médicos
isolaram apenas 11 linfócitos que identificavam quatro antígenos
tumorais, a partir dos quais obtiveram em laboratório 80 bilhões de filhos que depois foram reinjetados. Um ano depois, todos os tumores tinham desaparecido.
O cirurgião Steven RosenbergNCI
Neste ponto, Rosenberg dá uma notícia boa e outra, ruim: “Cerca de
80% dos pacientes com cânceres epiteliais geram linfócitos que reagem
contra o tumor, mas de 197 mutações identificadas, 196 são exclusivas do
tumor desse paciente e não são compartilhadas com nenhum outro, com
exceção de uma mutação do gene KRAS, que observamos em dois pacientes”.
Isso significa que é preciso desenvolver um tratamento para cada doente,
o que, por sua vez, requer o uso de salas limpas, sequenciamento
genético em massa do paciente e de seu tumor e o trabalho de 30
especialistas.
O custo dos medicamentos aprovados para a terapia CAR-T é de 400.000
euros (1,7 milhão de reais) e o da TIL poderia passar disso. A
possibilidade de desenvolver novas terapias para tumores mais letais
pelas quais quase ninguém possa pagar é real, reconhecem alguns
oncologistas.
Estudo sugere que três cafés por dia reduzem a mortalidade prematura entre 8% e 18%
“De certa forma, seria muito positivo chegar a ter esse problema,
porque significaria que a terapia demonstrou ser eficaz”, afirma Alena
Gros, que chefia o Grupo de Imunoterapia e Imunologia de Tumores do
Instituto de Oncologia Vall d’Hebron, em Barcelona. “O mercado e o
sistema de saúde teriam de ser regulados de acordo com a necessidade e a
eficácia para que os pacientes pudessem receber o tratamento. Isso
ocorreu com outras terapias celulares, como a de células CAR anti-CD19,
que só é paga se o paciente responder a ela. No momento, ainda estamos
longe de nos confrontar com esse dilema”, assinala.
Gros conheceu Judy Perkins e outros pacientes que tiveram
recuperações surpreendentes entre 2014 e 2016, quando esteve aprendendo a
técnica TIL no laboratório de Rosenberg. Agora pretende aplicá-la em um
teste clínico na Espanha, embora ainda possa demorar um ou dois anos
para colocá-lo em andamento.
Em Madri, a equipe de Manuel Ramírez-Orellana testou a TIL para
tratar quatro crianças com tumores que não respondiam a outras terapias
no Hospital Menino Jesus. “Vimos que o tratamento era seguro, mas os
pacientes não responderam.” Nesse caso, foram cultivados os linfócitos
que tinham se infiltrado nos tumores, mas não foi feita uma seleção em
função dos neoantígenos que eram capazes de reconhecer, algo que pode
ser a chave para explicar por que a terapia funcionou tão bem em alguns
pacientes nos EUA. “De qualquer forma, os últimos estudos de Rosenberg
demonstram que há uma possibilidade de tratar cânceres que se
consideravam incuráveis e é uma possibilidade que é preciso explorar”,
destaca Ramírez-Orellana no Hospital Infantil de Seattle (EUA), onde
está aprendendo engenharia de linfócitos T.
O custo dos medicamentos de terapia genética equivale a 1,7 milhão de reais e o da técnica TIL poderia ser maior
O pesquisador acredita que a estratégia mais eficaz será combinar
terapias − por exemplo, atacando os primeiro tumores com vírus
oncolíticos e depois com a TIL. “A TIL exige instalações caras de criar e
manter, mas elas já existem em alguns hospitais públicos espanhóis.
Todo o programa de pesquisa em paralelo exige recursos muito difíceis de
conseguir. Os tratamentos com células CAR-T têm preços exagerados. É
absurdo, porque um sistema público de saúde não pode pagá-los, nem mesmo
muitos sistemas privados. Ou há uma mudança radical ou esse tipo de
tratamento será só para uma elite”, alerta.
Rosenberg não tem dúvida de que se os tratamentos desse tipo se
mostrarem eficazes, “o engenho da indústria farmacêutica se encarregará
de torná-los possíveis e acessíveis”. “Há pelo menos três empresas que
já estão explorando o desenvolvimento comercial”, assegura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem vindo ! É de suma importância para melhor, desenvolvimento do blog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem vindo ! É de suma importância para melhor, desenvolvimento do blog.