Salvo raras exceções do foro da saúde mental que podem envolver doença
ou perversão, em que uma pessoa não é capaz de sentir ou expressar
qualquer remorso, arrependimento ou compreensão por um mal ou dano
infligido ao outro, no fundo não ser capaz de qualquer processo de
identificação com outra pessoa: aquilo a que chamamos Empatia, nem tão
pouco ter consciência e compreensão para ajuizar os seus atos e os seus
comportamentos, sendo por exemplo, indiferente ao sofrimento ou
sentimento do outro, parece ser unânime que ninguém é só bom ou só mau.
Assim, podemos pensar e analisar que o mal e o bem coexistem em praticamente todas as pessoas, em menor ou maior grau.
No entanto, felizmente, a maior
parte destas consegue viver em sociedade de forma estável e adaptada ao
meio envolvente sem provocar dano no(s) outro(s), como se de certa forma
o seu lado bom prevalecesse.
De uma forma geral, culturalmente a ideia do mal relaciona-se com tudo
aquilo que não é desejável ou que deve ser destruído, mas o mal, a dor e
a violência aplicados ao outro existe e as suas diversas “expressões” que podem ser
diversas, umas mais explícitas, outras mais sutis mas sempre com
consequências marcantes para quem é alvo delas.
Quando falamos em violência falamos numa diversidade de ações danosas para com outrem, como por exemplo:
- Violência Emocional ou Psicológica;
- Violência Verbal;
- Violência Física;
- Violência Social;
- Violência Sexual;
- Negligência.
Sabemos hoje que a violência psicológica ou emocional é uma agressão tão ou mais prejudicial que a violência física, sendo considerada a mais silenciosa de todas as formas de violência. Por poder ser tão sutil faz com que muitas vezes não seja corretamente identifica, nem a própria pessoa que é violentada tem a real noção de que está a ser alvo deste tipo de agressão.
A violência psicológica não deixa marcas “visíveis”, uma vez que o mal que provoca o outro é por “dentro” mas a nível emocional e psicológico pode deixar “cicatrizes” para o resto da vida.
Pode assumir a forma de:- Rejeição
- Depreciação
- Discriminação
- Humilhação
- Desrespeito
- Punições ou castigos exagerados
- Isolamento relacional
- Intimidação
- Domínio econômico
- Ameaça de morte
Frequentemente a “estratégia” utilizada pelo agressor passa pela mobilização emocional e psicológica da pessoa vitimizada para satisfazer todas as suas necessidades de atenção, de carinho e de importância.- De forma
dissimulada o agressor tenta inferiorizar a pessoa, tornando-a
dependente e com sentimentos de culpa.
Mas é bom ter em mente que ninguém está verdadeiramente só e que existem “redes de apoios” e serviços que podem proteger e apoiar pessoas que são vítimas de algum tipo de agressão! Também é bom recordar que a lei portuguesa penaliza as situações de agressão identificadas e que por isso pode ser vital assinalar uma situação de violência. - Seja a nível
psicológico, físico, social, sexual ou de outro tipo e seja infligida a
uma criança, a um adolescente, a um adulto, a uma pessoa idosa ou a uma
pessoa portadora de deficiência física ou mental.
A desinformação e o medo por parte das pessoas pode dar força ao agressor, pelo que é urgente inverter isso e sensibilizar as pessoas para o compromisso da não violência e da não discriminação.
Atualmente o art.º 152 do Código Penal referindo-se a violência doméstica, refere que existe crime de violência quando existem "maus tratos físicos e psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais (...) a pessoa de outro ou do mesmo sexo" com quem o agressor "mantenha ou tenha mantido uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem habitação".
Danos da Violência Psicológica na Saúde
A Organização Mundial da Saúde - OMS define saúde como “o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade”. Desta forma podemos considerar que a saúde depende de um equilíbrio e de um bem-estar relacionados com as questões do corpo, onde se inclui a mente, a componente física e emocional (nível celular) e as questões relacionais e macro (nível social).
Os efeitos da violência psicológica são vastos e sensíveis e podem permanecer durante muito tempo silenciosos.
Podem incluir: - Desenvolvimento desequilibrado da personalidade (no caso das crianças)
- Falta de esperança
- Dificuldade em confiar
- Dificuldade em criar laços e em construir relações
- Influência negativa na vida sexual da pessoa vitimada
- A pessoa vitimizada, consoante a gravidade das agressões emocionais e psicológicas, pode mais tarde passar a ter o papel de agressor em vez do de vítima.
Os sintomas apresentados pelas pessoas que sofrem de violência psicológica refletem muitas vezes, o stress
de lidar repetidamente com as agressões verbais, humilhações e
isolamento social.
Estes sintomas podem potenciar em algumas pessoas o
consumo de substâncias e a automedicação, traduzindo-se num consequente
aumento de riscos para a saúde. Outra dimensão importante no que se
refere às raparigas e às mulheres é o impacto que a violência
psicológica pode ter na saúde reprodutiva, direta ou indiretamente e
onde se pode incluir: a gravidez não desejada, o acesso restrito ao
planeamento familiar, o recurso a abortos ilegais, as complicações
resultantes de gravidezes de alto risco e da falta de assistência
médica, as infecções sexualmente transmissíveis, os problemas
psicológicos, incluindo o medo de contacto e perda de interesse ou
prazer sexual.
Algumas Consequências de Ordem Psicológica:
- Ansiedade
- Angústia
- Baixa autoestima
- Irritabilidade
- Depressão
- Sentimento de incapacidade
- Sentimento de culpa
- Perda de memória
- Abuso de álcool e drogas
- Diagnóstico de pânico
- Diagnóstico de fobias
- Comportamentos destrutivos
- Sensação de vazio
- Tentativa de suicídio
Algumas Consequências de Ordem Física:
- Nódoas (manchas)negras
- Hemorragias
- Fraturas
- Dores de cabeça
- Aborto espontâneo
- Problemas ginecológicos
- Alguns , Contatos e Apoios Úteis: Denuncie o infrator, Não silencie sua dor
- Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) - www.apav.pt
- Polícia de Segurança Pública – www.psp.pt
- Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres - www.cidm.pt
- Observatório Nacional de Violência e Género - http://onvg.fcsh.unl.pt/
- Direção -Geral da Saúde - www.dgs.p
- Ligue 180, serviço telefônico gratuito disponível 24 horas em todo o país;
- Clique 180, aplicativo para celular;
- Ligue 190, se houver uma emergência;
- Delegacias de polícia;
- Delegacias da Mulher (se não funcionar 24 horas, o boletim de ocorrência pode ser feito em uma delegacia normal e depois transferido);
- Centros de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, para os casos em que a mulher não se sente segura em procurar a polícia;
- Serviços de Atenção Integral à Mulher em Situação de Violência Sexual, como abrigos de amparo;
- Defensoria Pública, que atende quem não possui recursos para contratar um advogado;
- Promotorias Especializadas na Defesa da Mulher.
Se algum órgão público não respeitar os direitos da vítima, a secretaria orienta o contato com a Ouvidoria.
Os telefones são: (61) 3313-7367 / 7396 / 7398 / 7399
O e-mail é: ouvidoria@spm.gov.br
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