Tudo começou em 1886, quando trabalhadores de Chicago, nos Estados
Unidos, fizeram uma manifestação nas ruas da cidade querendo reivindicar
a redução da carga horária de trabalho, de 13h para 8h diárias. Neste
mesmo dia, os trabalhadores americanos fizeram uma greve geral no país.
Estes protestos ficaram conhecidos como a Revolta de Haymarket. Nos dias
3 e 4 de maio, manifestantes e policiais entraram em conflitos, o que
resultou na morte de alguns envolvidos e em dezenas de pessoas feridas.
O supervisor de história da Editora Pearson, Márcio dos Anjos, explica
que a data só se tornou feriado em 1919, na França. "Em vários 1º de
maio do século 19 a polícia agiu reprimindo as manifestações operárias, o
que reforçou a data como o dia de luta dos trabalhadores. No entanto, a
data não figurava como feriado. Isso só aconteceu em 1919, na França, e
em 1920, na Rússia".
O objetivo do feriado é celebrar as conquistas dos trabalhadores ao
longo da história.
No dia 20 de junho de 1889, em Paris, a central
sindical chamada Segunda Internacional, uma organização mundial dos
partidos políticos social-democratas, socialistas, liberais e
trabalhistas, decidiu convocar o mesmo dia das manifestações como o data
máxima dos trabalhadores organizados para lutar pelas 8h diárias de
trabalho.
No dia 23 de abril de 1919, o senado francês ratificou a
jornada de 8h, proclamando o dia 1° de maio como feriado nacional.
"Na França e em outros lugares essa data é reservada às manifestações
pela manutenção e ampliação das conquistas trabalhistas e plataformas
sociais, incluindo debates políticos (o 2º turno das eleições francesas
contarão com importante debate político entre os candidatos nesse dia).
Porém, em muitos lugares o sentido de luta e mobilização tem diminuído à
medida que os movimentos sociais foram se desmobilizando nas últimas
décadas, em decorrência da expansão das políticas neoliberais", afirma
Valéria Conte Delbem, professora de História do Colégio Santa Maria.
1º de maio no Brasil
:
No Brasil, a data foi consolidada em 1925, após um decreto do então presidente Artur Bernardes.
"A data era lembrada pelos
anarco sindicalistas e, posteriormente, pelos comunistas, grupos que
conduziram o movimento operário no país. Contudo, o poder público também
se apropriou da data como forma de ganhar a simpatia dos
trabalhadores", conta Márcio dos Anjos. Além disso, a propaganda
trabalhista do governo de Getúlio Vargas transformou o 1º de maio, que
antes era visto como um dia para protestos e críticas às estruturas
sócio - econômicas do País, e passou a ser comemorado com festas
populares, desfiles e outras celebrações. As principais medidas de
benefício ao trabalhador passaram a ser anunciadas nesta data, como o
aumento anual do salário mínimo.
"Devemos lembrar que Vargas instituiu leis trabalhistas numa tentativa
de esvaziar o movimento operário, conduzido por comunistas, e de
construir a imagem de 'Pai dos pobres'", diz Márcio.
"Outro ponto muito
importante atribuído ao Dia do Trabalhador foi a criação da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), em 1º de maio de 1943, por Getúlio Vargas,
sendo a principal referência para a nossa atual legislação Trabalhista,
que fora incorporada à Constituição de 1988", diz Elias Feitosa,
professor de história do Cursinho da Poli.
O Dia do Trabalhador pelo mundo
:
Em outros países, o Dia do Trabalho é comemorado em datas diferentes.
Na Austrália, o dia de celebração varia de acordo com a região. Já nos
Estados Unidos e no Canadá, o
Labour Day
é comemorado na primeira segunda-feira de setembro.
Após a Revolta de
Haymarket, em 1887, o presidente americano Grover Cleveland tomou a
decisão de transferir a data para setembro, quando foi organizada a
primeira passeata em Nova York pelos "Cavaleiros do Trabalho", temendo
que a comemoração no mês de maio lembraria os tumultos dos manifestantes
de Chicago.
"Em Portugal, o 1º de maio voltou a ser feriado depois da
queda da ditadura portuguesa, tendo a União Geral dos Trabalhadores
(UGT) o papel de articuladora das manifestações dos trabalhadores
portugueses", conta Feitosa.
Segundo o professor Márcio dos Anjos, o personagem de relevância na
história do Dia do Trabalhador são os trabalhadores que lutaram por
melhores condições de trabalho e de vida.
"Alguns anônimos foram mortos,
mas o anonimato é representativo do caráter geral do movimento
operário, de suas várias vertentes comunicantes e de uma simbologia
apropriada pelo Estado, muito embora, na atualidade, as chamadas
conquistas operárias sejam questionadas em nome da flexibilização das
relações produtivas", afirma.
"No passado fora uma data de reivindicação
de direitos ou de luta.
Hoje, coloca-se como um feriado que muitas
centrais sindicais converteram em 'showmício' com o sorteio de bens de
consumo ou até mesmo imóveis, pelo menos no Brasil", completa Elias
Feitosa.
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